Reflexão acerca da educação Aristocrata do século XIX
à educação industrial
Quando refletimos acerca dos problemas que envolvem a educação brasileira, principalmente no seu atual estágio, devemos antes de qualquer conclusão, analisarmos sua formação histórica; ou seja, as perspectivas sociais, econômicas e políticas que marcaram a história do Brasil, quando, para atender e inserida a tais conjunturas, a educação vai ser trabalhada sob diferentes modelos implantados.
Desta forma, o primeiro modelo educacional implantado no Brasil passa a existir a partir de 1547, quando aqui chegaram os primeiros jesuítas. Nesse contexto, devemos verificar que o principal objetivo da educação consistia em suplantar cada vez mais a cultura portuguesa e cristã em detrimento à cultura dos Índios. Era, portanto, um modelo que tinha por fim, oferecer um controle mais eficaz dos colonizadores portugueses, como também, iniciar os filhos desses colonizadores às primeiras letras. É assim, que iremos ter a formação e manutenção de um sistema político e social voltado exclusivamente aos interesses da metrópole, “A centralização do poder, o uso da força e do castigo, a escravidão, a distinção de classes, a inferioridade do povo permaneciam como ingredientes culturais fortes”. [1] Será esse tipo de organização, excludente e com forte presença da igreja, característico a quase todo o período colonial, vindo a ser desfeito apenas em 1759 com as políticas pombalinas, que embora oferecesse uma educação laica, não atingiu resultados satisfatórios.
É interessante observarmos uma outra questão fortemente presente no modelo educacional brasileiro desse período, seu caráter domestico, quando os filhos de famílias abastadas – leia-se fazendeiros – tinham uma educação desenvolvida na própria fazenda, muitas vezes através de padres. Essa particularidade nos mostra a ausência ou ineficiência de uma política estatal, que se manterá mesmo com a chegada da família Real e a elevação do Brasil à condição de Reino, quando o ensino básico não sofrerá significativas transformações, “O ensino médio e o ensino elementar ainda continuam aristocratizados e cada vez mais aristocratizantes, mas com outro espírito, com outra finalidade de educação, com outro mito, com outra filosofia...” [2]. O autor José Antônio Tobias, pontuou claramente acima, todas as características de um sistema excludente, cuja apreensão do conhecimento não tem como foco abarcar a grande maioria da população, muito pelo contrário, aqui, o ensino é antes uma forma de controle e de doutrinação do que uma educação que leve o individuo a uma liberdade de pensamento.
Essa estrutura continuará com seus reflexos durante todo o século XIX, mesmo após a independência brasileira, aqueles que chegam ao poder são exatamente os que defendiam a continuação de uma sociedade escravocrata e, portanto, enxergavam na educação um meio de manter a ordem tal como está, como bem aponta Teixeira Lopes no livro 500 anos de educação no Brasil, segundo a autora “... para a elite brasileira, a escola para os pobres, mesmo em se tratando de brancos e livres, não deveria ultrapassar o aprendizado das primeiras letras”. [3] Sem querermos ser repetitivos, somos forçados a admitir que será nesta linha de raciocínio peculiar a uma sociedade escravista, que vamos encontrar a gênese de todo o desenvolvimento de um modelo educacional que confere a alguns poucos, a manutenção de um enorme contingente populacional sem vislumbrarem perspectivas de mudanças na estrutura social e política do país.
Todavia, como bem apontou Caio Prado, independente daqueles que tomam o poder com a emancipação política do Brasil, surgirão ou ficarão em maior evidencia, sobretudo na segunda metade do século XIX, “o embate... entre os diferentes grupos e classes em que se divide a sociedade colonial”.[4] Podemos identificar nessa fala do autor, o fortalecimento de uma classe média urbana e seus interesses. É ainda segundo Caio Prado, o surgimento de “Um incipiente capitalismo” que nesse contexto já dava aqui seus primeiros e modestos passos. [5] Ou seja, após a independência, pouco a pouco vão processando um conjunto de modificações nos hábitos sociais; um acentuado crescimento da população urbana que trazia como exigências, um novo modo de lidar com a educação. Analisando mais a fundo o final do século XIX, vamos observar que o mesmo traz ainda, um intenso clamor pelo fim do trabalho servil, o que ocorre em 1888.
Desta forma, o primeiro modelo educacional implantado no Brasil passa a existir a partir de 1547, quando aqui chegaram os primeiros jesuítas. Nesse contexto, devemos verificar que o principal objetivo da educação consistia em suplantar cada vez mais a cultura portuguesa e cristã em detrimento à cultura dos Índios. Era, portanto, um modelo que tinha por fim, oferecer um controle mais eficaz dos colonizadores portugueses, como também, iniciar os filhos desses colonizadores às primeiras letras. É assim, que iremos ter a formação e manutenção de um sistema político e social voltado exclusivamente aos interesses da metrópole, “A centralização do poder, o uso da força e do castigo, a escravidão, a distinção de classes, a inferioridade do povo permaneciam como ingredientes culturais fortes”. [1] Será esse tipo de organização, excludente e com forte presença da igreja, característico a quase todo o período colonial, vindo a ser desfeito apenas em 1759 com as políticas pombalinas, que embora oferecesse uma educação laica, não atingiu resultados satisfatórios.
É interessante observarmos uma outra questão fortemente presente no modelo educacional brasileiro desse período, seu caráter domestico, quando os filhos de famílias abastadas – leia-se fazendeiros – tinham uma educação desenvolvida na própria fazenda, muitas vezes através de padres. Essa particularidade nos mostra a ausência ou ineficiência de uma política estatal, que se manterá mesmo com a chegada da família Real e a elevação do Brasil à condição de Reino, quando o ensino básico não sofrerá significativas transformações, “O ensino médio e o ensino elementar ainda continuam aristocratizados e cada vez mais aristocratizantes, mas com outro espírito, com outra finalidade de educação, com outro mito, com outra filosofia...” [2]. O autor José Antônio Tobias, pontuou claramente acima, todas as características de um sistema excludente, cuja apreensão do conhecimento não tem como foco abarcar a grande maioria da população, muito pelo contrário, aqui, o ensino é antes uma forma de controle e de doutrinação do que uma educação que leve o individuo a uma liberdade de pensamento.
Essa estrutura continuará com seus reflexos durante todo o século XIX, mesmo após a independência brasileira, aqueles que chegam ao poder são exatamente os que defendiam a continuação de uma sociedade escravocrata e, portanto, enxergavam na educação um meio de manter a ordem tal como está, como bem aponta Teixeira Lopes no livro 500 anos de educação no Brasil, segundo a autora “... para a elite brasileira, a escola para os pobres, mesmo em se tratando de brancos e livres, não deveria ultrapassar o aprendizado das primeiras letras”. [3] Sem querermos ser repetitivos, somos forçados a admitir que será nesta linha de raciocínio peculiar a uma sociedade escravista, que vamos encontrar a gênese de todo o desenvolvimento de um modelo educacional que confere a alguns poucos, a manutenção de um enorme contingente populacional sem vislumbrarem perspectivas de mudanças na estrutura social e política do país.
Todavia, como bem apontou Caio Prado, independente daqueles que tomam o poder com a emancipação política do Brasil, surgirão ou ficarão em maior evidencia, sobretudo na segunda metade do século XIX, “o embate... entre os diferentes grupos e classes em que se divide a sociedade colonial”.[4] Podemos identificar nessa fala do autor, o fortalecimento de uma classe média urbana e seus interesses. É ainda segundo Caio Prado, o surgimento de “Um incipiente capitalismo” que nesse contexto já dava aqui seus primeiros e modestos passos. [5] Ou seja, após a independência, pouco a pouco vão processando um conjunto de modificações nos hábitos sociais; um acentuado crescimento da população urbana que trazia como exigências, um novo modo de lidar com a educação. Analisando mais a fundo o final do século XIX, vamos observar que o mesmo traz ainda, um intenso clamor pelo fim do trabalho servil, o que ocorre em 1888.
A liberdade dos escravos, o fim do império e o conseqüente advento da República, movimentos que ocorreram no final do século XIX, teêm seus desdobramentos no inicio do século XX. Para José Mario Pires Azanha, no livro Estrutura e funcionamento da educação básica, é exatamente nesse contexto de início de século que a educação passa de fato a ser vista como um problema de âmbito nacional, segundo o autor, “A proclamação da república, embora tenha alterado, em alguns pontos, substantivamente a ordenação legal da educação brasileira, pouco modificou o quadro vigente”.[6] Segue o mesmo autor, “É verdade que a República, nos seus inícios, foi pródiga em reformas... mas foi preciso esperar até a década de 20 para que, realmente, o debate educacional ganhasse um espaço social mais amplo”.[7] Isso se dar pelo crescimento da industrialização e pelo aumento de um maior número de trabalhadores – operários, que naturalmente, ansiavam e pressionavam por uma maior mobilidade social. É em conseqüência dessa conjuntura, que a educação brasileira passa a de fato, ter a missão de responder a tais expectativas.
Para que isso fosse possível, uma serie de fatores vieram a contribuir, como por exemplo a expiração das oligarquias, que permite, principalmente com a revolução de 30, a criação de um Estado centralizador. É oportuno observarmos que o governo getulista vai levar o Estado a intervir em todos os segmentos da nação, e a escola nesse sentido, não ficará de fora. Por outro lado, devemos ser cautelosos diante das transformações que se efetuarão no âmbito escolar a partir da primeira metade do século XX, sobretudo se verificarmos que a mesma passa a ser desenvolvida, num determinado momento, com o fim de atender a uma lógica capitalista e industrial, plenamente estabelecidos na dinâmica econômica brasileira, com o fortalecimento cada vez maior do ensino técnico. Para corroborar com o nosso ponto de vista nos valeremos das autoras, Maria de Lourdes Mariotto e Leonor Maria, quando ambas no livro Estrutura e funcionamento da educação básica, estudam as políticas educacionais desse período, e destacam da seguinte forma:
“Embora elevado a posição dos cursos técnicos na estrutura vertical do sistema e instituindo um paralelismo entre eles e o ensino secundário – em termos de duração e divisão em ciclos – , as Leis Orgânicas representaram a definição perfeita de uma estrutura estratificada de ensino pós – primário, no interior do qual era mantido o velho dualismo entre o ensino popular e de elites”.[8]
O que fica registrado acima se trata de um ponto crucial do modelo educacional brasileiro e o principal problema a ser enfrentado, uma vez que, vem a explicitar a herança de um ponto de vista elitista, senão continuidade de uma mentalidade, perfeitamente identificável nos séculos anteriores. Diante disso devemos refletir sobre a dimensão que tal modelo oferece no que confere à diminuição da desigualdade social ou, se o mesmo não se trata apenas de uma alfabetização funcional, contribuindo tão somente para a permanecia das mesmas praticas e diferenciações que marcaram a história brasileira.
Gostaríamos de concluir destacando a rica possibilidade de analise e reflexão que o enunciado nos proporcionou, uma vez que, ao abordarmos a educação nacional desde sua origem até a nossa contemporaneidade, nos levou a compreender as causas das disparidades sociais e econômicas existentes em nossa sociedade, pois, sem sobra de duvidas são elementos que necessariamente, exigem um conjunto de políticas educacionais responsáveis, não queremos com isso afirmar que não houveram pessoas responsáveis nessa questão, mas, grosso modo, o que temos hoje de realidade, é uma educação pouco eficiente naquilo que deferia ser sua função primária: proporcionar oportunidades iguais a todos os cidadãos, não somente em termos do mercado de trabalho mas também e principalmente, no que confere á oportunidade de autonomia perante suas próprias escolhas e perante as escolhas políticas do país.
bibliografia
PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1970.
MENESES, João Gualberto de Carvalho. Estrutura e funcionamento da educação básica – leituras. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001.
TEIXEIRA LOPES, Marta Eliane. (org). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: 3 ed. Autentica, 2003.
TOBIAS, José Antonio. História da Educação brasileira. São Paulo: Editora Juriscredi LTDA.
[1] TEIXEIRA LOPES, Marta Eliane. (org). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: 3 ed. Autentica, 2003. P. 56.
[2] TOBIAS, José Antonio. História da Educação brasileira. São Paulo: Editora Juriscredi LTDA.PG. 158.
[3] TEIXEIRA LOPES, Marta Eliane. (org). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: 3 ed. Autentica, 2003. P. 136.
[4] PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1970. P. 142.
[5] Ibidem. P. 193.
[6] MENESES, João Gualberto de Carvalho. Estrutura e funcionamento da educação básica – leituras. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001. P. 104.
[7] Ibidem. P. 105.
[8] MENESES, João Gualberto de Carvalho. Estrutura e funcionamento da educação básica – leituras. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001. P. 91
Para que isso fosse possível, uma serie de fatores vieram a contribuir, como por exemplo a expiração das oligarquias, que permite, principalmente com a revolução de 30, a criação de um Estado centralizador. É oportuno observarmos que o governo getulista vai levar o Estado a intervir em todos os segmentos da nação, e a escola nesse sentido, não ficará de fora. Por outro lado, devemos ser cautelosos diante das transformações que se efetuarão no âmbito escolar a partir da primeira metade do século XX, sobretudo se verificarmos que a mesma passa a ser desenvolvida, num determinado momento, com o fim de atender a uma lógica capitalista e industrial, plenamente estabelecidos na dinâmica econômica brasileira, com o fortalecimento cada vez maior do ensino técnico. Para corroborar com o nosso ponto de vista nos valeremos das autoras, Maria de Lourdes Mariotto e Leonor Maria, quando ambas no livro Estrutura e funcionamento da educação básica, estudam as políticas educacionais desse período, e destacam da seguinte forma:
“Embora elevado a posição dos cursos técnicos na estrutura vertical do sistema e instituindo um paralelismo entre eles e o ensino secundário – em termos de duração e divisão em ciclos – , as Leis Orgânicas representaram a definição perfeita de uma estrutura estratificada de ensino pós – primário, no interior do qual era mantido o velho dualismo entre o ensino popular e de elites”.[8]
O que fica registrado acima se trata de um ponto crucial do modelo educacional brasileiro e o principal problema a ser enfrentado, uma vez que, vem a explicitar a herança de um ponto de vista elitista, senão continuidade de uma mentalidade, perfeitamente identificável nos séculos anteriores. Diante disso devemos refletir sobre a dimensão que tal modelo oferece no que confere à diminuição da desigualdade social ou, se o mesmo não se trata apenas de uma alfabetização funcional, contribuindo tão somente para a permanecia das mesmas praticas e diferenciações que marcaram a história brasileira.
Gostaríamos de concluir destacando a rica possibilidade de analise e reflexão que o enunciado nos proporcionou, uma vez que, ao abordarmos a educação nacional desde sua origem até a nossa contemporaneidade, nos levou a compreender as causas das disparidades sociais e econômicas existentes em nossa sociedade, pois, sem sobra de duvidas são elementos que necessariamente, exigem um conjunto de políticas educacionais responsáveis, não queremos com isso afirmar que não houveram pessoas responsáveis nessa questão, mas, grosso modo, o que temos hoje de realidade, é uma educação pouco eficiente naquilo que deferia ser sua função primária: proporcionar oportunidades iguais a todos os cidadãos, não somente em termos do mercado de trabalho mas também e principalmente, no que confere á oportunidade de autonomia perante suas próprias escolhas e perante as escolhas políticas do país.
bibliografia
PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1970.
MENESES, João Gualberto de Carvalho. Estrutura e funcionamento da educação básica – leituras. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001.
TEIXEIRA LOPES, Marta Eliane. (org). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: 3 ed. Autentica, 2003.
TOBIAS, José Antonio. História da Educação brasileira. São Paulo: Editora Juriscredi LTDA.
[1] TEIXEIRA LOPES, Marta Eliane. (org). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: 3 ed. Autentica, 2003. P. 56.
[2] TOBIAS, José Antonio. História da Educação brasileira. São Paulo: Editora Juriscredi LTDA.PG. 158.
[3] TEIXEIRA LOPES, Marta Eliane. (org). 500 anos de educação no Brasil. Belo Horizonte: 3 ed. Autentica, 2003. P. 136.
[4] PRADO JUNIOR, Caio. História econômica do Brasil. São Paulo: Brasiliense, 1970. P. 142.
[5] Ibidem. P. 193.
[6] MENESES, João Gualberto de Carvalho. Estrutura e funcionamento da educação básica – leituras. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001. P. 104.
[7] Ibidem. P. 105.
[8] MENESES, João Gualberto de Carvalho. Estrutura e funcionamento da educação básica – leituras. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2001. P. 91
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